sábado, 2 de julho de 2011

O silêncio que separa...



Ele falou por um longo período...
Ela apenas ficou calada, muda, como se tivesse sido roubada de si mesma..
Ele perguntou:

-Você não vai dizer nada?

(Quem? Eu? Não concordo em nada do que você disse... Na verdade, parece impossível aceitar que devemos ficar separados. Passamos por momentos difíceis, mas todo mundo passa. O que havia de mais complicado nós já fizemos: aceitamos os defeitos um do outro. Então? O que importa se não gostamos do mesmo sabor de pizza? Danem-se as pizzas! Eu te amo! E pronto! Não preciso comer pizza nunca mais!

A ausência de nós dois será complicada. Eu decorei todos os nossos cheiros, todos os nossos beijos, todas as nossas posições... Eu gravei todos os domingos a tarde, todas as quartas a noite... Eu memorizei você, centenas de vezes, e fiz um mapa de todos os sinais e marcas do seu corpo... Eu procurei, vasculhei nossas lembranças, até as nossas brigas, e constatei o óbvio: não existe uma razão no mundo que me faça deixar de te amar.

Você me fará falta, porque nós éramos certeza para mim.. A certeza de um dia, de vários dias...A certeza de que o mundo fazia sentido. De que o mundo, finalmente, havia se justificado...

Mas você veio todo armado, com tantas teorias formuladas ao nosso respeito, tantas equações de tudo que somamos e perdemos, que fiquei sem reação... Todo o amor que eu sentia por você, por nós dois, ficou intimidado, perdeu o respaldo, e não tenho como discutir. Como eu serei capaz de provar, neste exato momento, toda essa incoerência dita por seus lábios, por seus olhos?

Eu estou sem defesa...

Se ao menos eu tivesse uma foto autenticada da gente se amando às 2 da manhã, na qual estaríamos olhando um para o outro da forma mais apaixonada, descontrolada e eterna possível, você saberia do que eu estou falando aqui por dentro.. Mas não tenho nada que comprove o que sinto, além de tudo aquilo que já passamos juntos...

Estou sem reação..
Meu Deus, o que eu digo?)


E ela respondeu:

- Acho que você tem razão. Devemos terminar mesmo.


[e se perderam ]

 
Déborah Simões Colares

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